sábado, 20 de março de 2010

Dionísio descrito por Nietzsche

Diferentemente de Hobbes que acreditou ser o riso uma enfermidade humana, Nietzsche no seu livro “Além do bem e do mal” diz ser o riso, uma importante manifestação do humano, o riso como a característica mais forte do deus grego Dionísio. O excesso, a dança, o vinho também tornavam-no esse deus. Nietzsche fala de Dionísio como aquele gênio do coração que alisa as almas ásperas e lhes faz saborear a vida.
Sempre na estrada e fora de casa, continuamente um andarilho que assumiu o movimento e o sabor da vida. Ele é o deus do devaneio, da desmedida, disposto a vivenciar a novidade. Ele jamais condena a vida em favorecimento de outra vida futura, a existência é por si justificada e santificada, para ele a vida já é santa no seu desenrolar.
Com toda essa riqueza, ainda cabe dizer que esse deus traz consigo a inocência e o devir (movimento), sem deixar de ser o deus da embriaguez múltipla. Dionísio é o deus despedaçado, é o deus artista que afirma a vida em sua totalidade.
Para Nietzsche, Dionísio é a firmação sagrada da vida em sua totalidade, não renegada e nem estilhaçada, é ainda a aceitação integral na fruição da vida em todos os seus aspectos e da vontade de afirmá-la e repeti-la. Dionísio é o fundamento da inversão dos valores, indo além das valorações, das oposições do bem e do mal.
O modo de ser dionisíaco rompe com toda manipulação e automatização da vida, a vida é antes novidade e movimento continuo. Nosso maior valor deveria também residir na “vida” que vibra e grita desejosa de fruir. Nas palavras de Nietzsche: “A vida essa exuberância de forças”.

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